Esses dias uma criança de 4 anos perguntou: “Só tem mulher trabalhando em escola?”
A pergunta vinha porque, segundo ele, na antiga escola, só havia professoras mulheres.
Seguimos no diálogo e sua sugestão de explicação era que as educadoras “eram como se fossem as mães da escola” porque lá (na escola) “elas que cuidavam das crianças”.
Parece uma pergunta boba mas que está diretamente relacionada ao machismo, tão enraizado em nossa sociedade, já que quem historicamente sempre cumpriu a função dos cuidados foram as mulheres (e nem sempre por escolha própria).
Meninos não são ensinados a cuidar. Ou pelo menos não eram, já que estamos nesse caminho longo da desconstrução. Meninas sempre ganharam bonecas e aprenderam desde cedo a cuidar, alimentar, trocar fralda e ninar. Meninos aprendiam a ser mecânicos, exploradores, jogadores de futebol, médicos, dentistas, engenheiros e mais uma infinidade de profissões.
Meninas se tornariam professoras: Cuidam e ensinam. Seriam carinhosas, gentis, pacientes e cuidadosas. Meninos iriam para a ação: Explosivos, práticos, ágeis e objetivos. Nada ligado à afetividade, sensibilidade ou cuidado.
Até quando?
No Quintal temos, sim, alguns educadores que se identificam como homens. Outres, não bináries. E o quê muda para as crianças?
REPRESENTATIVIDADE.
A representatividade é FUNDAMENTAL na primeira infância (e em todas as fases da vida). É observando pais presentes e ativos e/ou educadores homens/trans/não bináries cuidando que as crianças ampliarão sua visão de mundo.
Para além disso, sabemos que paira uma insegurança em relação à figura masculina cuidando (e isso envolve entrar em contato com corpos das crianças, meninos ou meninas) ligada diretamente a casos de pedofilia, o que nos leva novamente ao encontro do mesmo tema: Machismo. Como lidar com isso? Com esse receio que existe por parte da gestão de escolas ou mesmo das famílias?
Por aqui, acreditamos no DIÁLOGO. No aprofundamento desses temas, no não silenciamento desses medos tão legítimos, na não naturalização das mulheres (e somente elas) no papel de cuidadoras. Precisamos falar sobre isso sempre e cada vez mais. Precisamos olhar para essa questão e mais que isso: Melhorarmos enquanto sociedade.