“-Aqui é escola!
-Não não! Aqui é o Quintal!
-Eu sei que aqui é o Quintal, mas eu gosto de chamar de escola.
-Você pode fingir que é escola, mas aqui é o Quintal, tá?”
Um diálogo dia desses que chamou nossa atenção.
Curiosas que ficamos, perguntamos qual a diferença entre escola e Quintal para as crianças e as respostas que tivemos foram:
“-Na escola a gente vai pra aprender, no Quintal a gente vem brincar. Mas aqui no Quintal tem algumas coisas de escola, outras não… Tipo a hora do lanche e quando a gente vai pro ateliê.
-Não, aqui no Quintal a gente aprende também, mas brinca!”
Ficamos felizes em ouvir o ponto de vista das crianças a respeito desse assunto tão questionado por aqui.
Pra nós que vivenciamos um Quintal e já passamos pela experiência de vivenciar uma rotina escolar as diferenças são nítidas e sensíveis.
Acolhimento, tempo, escuta, pausa, parceira com as famílias, brincar livre e vínculo afetivo.
Vivenciar um Quintal é ter como prioridade o olhar individualizado, a vida em comunidade, a relação e a integração com a natureza.
Escola vem do latim “schola” e do grego ”schole”. Lugar do ócio, do descanso e da cultura.
Por que será que as crianças relataram essa diferença entre as experiências?
Quais rumos a escola tomou para que se perdesse as características de sua origem etimológica?
As propostas direcionadas existem no Quintal, sim. Mas de forma orgânica, sendo o brincar livre a principal atividade das crianças. É por meio dele que elas se expressam, descobrem a si próprias e o mundo ao seu redor. Valoriza-se o tempo precioso do ócio. A vida em comunidade e a troca das culturas são elementos essenciais.
Confiamos nas crianças, respeitamos seus corpos e vontades. Olhamos para a criança em sua essência. E a partir disso, desconstruímos as tantas verdades absolutas da infância e criamos novas relações, novos parâmetros, novos desafios e trajetórias.
Não poderíamos dizer que escolas são o oposto disso. Sabemos que há uma infinidade de projetos incríveis pulsando pelo Brasil, em espaços públicos e privados.
Porém, é necessário revermos os modelos tradicionais de educação que ainda são reproduzidos e sempre nos questionarmos a respeito de nossa referência de escola. Pararmos de fugir do termo (“escola”) e seguirmos na tentativa de transcender essa referência.
Mais do que Escola X Quintais, queremos propor que ambos espaços juntos atuem pelo respeito à infância e pela liberdade de nossas crianças serem o que quiserem ser. Revolucionando e ressignificando a definição de ESCOLA: Menos muros e mais árvores. Pela pausa, pelo ócio, pelo brincar livre.
Que tal? Vamos?