O momento de acolhimento e adaptação no Quintal da Vila é um período de extrema proximidade entre educadoras, família e criança. Procuramos durante os dias que se seguem, proporcionar um ambiente tranquilo e acolhedor para todxs xs envolvidxs.
Uma educadora responsável irá conduzir o processo, entretanto deixamos a criança eleger quem fará sua adaptação, quem será a primeira pessoa com vínculo criado. Observaremos os primeiros sinais para informarmos à família sobre quem conduzirá o processo. Apesar de todas estarmos preparadas para tal, a criança é, quem de fato, escolhe.
A nossa primeira busca é pelo encontro e diálogo com a família, para que possamos nos tornar cúmplices e criar uma parceria verdadeira nesse processo. Somente a partir desse primeiro vínculo criado, pensamos em uma relação sólida com o bebê/a criança.
Porém, prezamos pelo respeito não só com a família e criança que estão processo de acolhimento e adaptação, mas com todas ali presentes. Por isso, elaboramos algumas dicas preciosas para esse “estar” no Quintal da Vila.
– Pré-Quintal: Converse com seu bebê/sua criança sobre a nova rotina, o novo espaço, as novas pessoas que estarão por lá. Explique como será o processo de conhecer o Quintal e como as coisas se darão para a nova configuração familiar em relação a tempo e etc. É primordial que a criança seja ativa nesse processo independente da fase em que está.
– Primeiros dias de adaptação: A ideia é que o adulto de referência esteja acompanhando a criança, mas que não proponha brincadeiras por si. A dica é estar ao lado, deixar-se livre e à disposição da criança. Caso ela fique num lugar de observadora por perto do adulto de referência ou até no colo a todo momento, não forçaremos que saia, não a tiraremos e nem insistiremos verbalmente para que ela se movimente pelo espaço. Com o olhar atento das educadoras, o espaço aos poucos se tornará interessante e instigante para ela. Não tente colocá-la forçadamente nos espaços (areia, grama, e etc). A ação de explorar com curiosidade deve partir da criança.
– A criança se distanciou: Procure dar espaço para que ela fique distante pelo tempo que for confortável para ela. Não vá atrás para fotografar ou para observar escondido: Na maioria das vezes elas nos percebem e atrapalhamos um momento precioso do primeiro contato.
– Primeira despedida: A primeira despedida só acontecerá quando a educadora responsável sentir a família pronta e segura para o momento. Por isso é necessário extrema verdade na relação e muito diálogo nesse processo. Após informarmos a criança que acontecerá uma despedida, muitos sinais são comuns de acontecer: a criança querer mostrar alguns brinquedos, choros, abraços, sensibilidade, ou até mesmo um tchau natural. Precisamos ter o máximo de segurança e firmeza nesse momento para nos distanciarmos sem recuos ou voltas inesperadas. Isso é muito importante para a criança que se:nte o estado da família.
– Procure dar somente um ‘tchau”: Por mais difícil que pareça, é mais claro para a criança quando o adulto de referência demonstra segurança e se despede somente uma vez. Evite iniciar outras conversas após a despedida. Se for o caso de alguma informação essencial lembrada na hora, espere até sair do campo de visão da criança e estar somente entre adultos para continuar o assunto.
– Choros após a despedida: No Quintal costumamos dialogar muito a respeito do choro. Porque nossa cultura o oprime e costumamos dizer para as crianças que “não precisa chorar”? Por aqui procuramos lidar com ele. Às vezes é sim, necessário. Vamos acolher a criança, dialogar, ouvir e acalentar. O choro é a demonstração de que algo está desequilibrado. Nos colocaremos junto da criança para encontrarmos o equilíbrio para o momento. Durante esse momento nos manteremos em contato com a família, informando se o choro é longo, se a criança está bem, se esperamos um tempo para que ela se restabeleça ou se aconselhamos que a família volte para que possamos recomeçar o processo de despedida num outro momento. O importante é que estejamos alinhados e com confiança de que esse momento envolve, sim, o choro. Mas que ele é saudável, perfeitamente natural e será acolhido com muito carinho.
– “A criança ficou bem, podemos dar uma esticada no período?”: Não. A nossa ideia é de que, mesmo a criança ficando super bem, sem choros e com muita brincadeira e envolvimento, a permanência da criança no espaço seja gradativa. Portanto, mesmo que a criança fique tranquila, vamos aumentando a estadia dela de maneira que não a canse e que ela consiga se despedir de maneira saudável e alegre.
– “Minha criança sofre muito para se despedir, posso ir embora escondida?”: Nunca. No Quintal jamais aconselharemos a omissão da despedida. Por mais que haja choro nesse momento, vamos sempre lidar com verdade para com a criança, adiantando o que irá acontecer, informando e possibilitando que ela possa agir ativamente nesse processo, sem ser enganada pela família ou pelas educadoras.
– Com sono e com fome ninguém brinca: Para os dias de acolhimento vamos optar por horários em que a criança esteja dormida e alimentada. Dessa maneira, ao chegar no espaço a criança consegue se envolver e se concentrar em brincar.
– E dormir no Quintal, quando acontece?: Às vezes no final da primeira semana, às vezes na segunda… Mas dormir é, de fato, uma das etapas mais demoradas a serem conquistadas. O sono é um momento de entrega total e a criança necessita do auxílio de um adulto de referência para tal.
– Minha criança não dormia esse horário e agora dorme. É normal?: Sim. Quando entram no Quintal novas rotinas, energias e demandas surgem. É normal que aconteçam mudanças na rotina de sono, na alimentação e no humor. Às vezes ficam mais apegados, dormem mais em casa e no Quintal e etc. Alguns hábitos reforçam a necessidade de ter mais atenção, colo, ou peito, no caso dos que mamam.
Ficou mais alguma dúvida? Pergunte pra gente! Seguimos juntas nesse momento tão importante!
Quintal da Vila